Dia Nacional do Cancro Digestivo: “Portugal representa a área da Europa com maior incidência”

30/09/22
Dia Nacional do Cancro Digestivo: “Portugal representa a área da Europa com maior incidência”

Sintomas comuns e tardios, ausência de rastreios e forte incidência no norte de Portugal, a Dr.ª Carla Freitas, cirurgiã, coordenadora da Unidade de Patologia Esofagogástrica do Centro Hospitalar Tâmega e Sousa, assinala o Dia Nacional do Cancro Digestivo, hoje, 30 de setembro, com uma entrevista à News Farma de apelo à sensibilização para o aumento dos rastreios. Assista ao vídeo.

Apesar de ser um cancro já prevalente no último século, com a evolução dos hábitos e da rotina de vida, a prevalência e tipologia tem vindo a ser alterada. A par deste fenómeno, o norte de Portugal é a região da Europa com “maior incidência de cancro gástrico”, muito devido ao elevado consumo de alimentos fumados e de sal, típico do nosso país, explica a especialista. Acrescenta ainda que Portugal apresenta uma taxa de infeção por helicobacter pylori mais elevadas da Europa.

O cancro gástrico manifesta-se, primeiramente, por cansaço, falta de força e mal-estar que podem ser confundidos pelos doentes que “não conseguem especificar nem objetivar, tornando a frequência do diagnóstico do tumor difícil”. Quando os sintomas já se agravam para hemorragia digestiva e consequente anemia, emagrecimento, vómitos e intoleração alimentar, poderá ser já tarde de mais.

Perante este cenário, nem os rastreios podem ajudar esta situação. Apesar de este procedimento existir para cancros como da mama, colorretal ou colo do útero, não existe rastreio para o cancro gástrico. Deste modo, consegue-se melhorar as taxas de sucesso, apesar de não ser necessário rastrear em todas as regiões do país, esclarece.

Esta cirurgia minimamente invasiva apresenta “uma enorme vantagem no pós-operatório” do doente, caracterizando-o como “incomparável”, com menor dor e com uma retoma da função do tubo digestivo mais precoce, beneficiando o próprio doente, os profissionais de saúde e as instalações hospitalares.

Por fim, a especialista refere que existem Centros de Referência para o tratamento do cancro gástrico, no entanto, “não são os únicos com competência e capacidades para tratar este cancro”, explica. “É importante que as pessoas tenham consciência de que estamos cá todos a trabalhar para o mesmo e por isso temos de começar a olhar para os hospitais de proximidade pode ser também uma solução para melhorarmos as respostas a estes doentes.”

Partilhar

Publicações