Este estudo poderá revolucionar o tratamento do enfarte do miocárdio, o qual assenta, até ao momento, essencialmente em Cuidados Paliativos, sem a regeneração do tecido danificado, ou no transplante. Esta última hipótese recai num jogo de probabilidades, consoante a disponibilidade e compatibilidade de um coração. “É extremamente gratificante estar a fazer algo que é útil”, refere o investigador.
A novidade deste trabalho centra-se na utilização de nanofibrilas de lisozima, proteína encontrada na clara do ovo, para funcionalizar e reforçar os emplastros de gelatina. Este foi o fator diferenciador para que tivessem “muito bons resultados”.
Apesar de as fibrilas de proteína já terem sido utilizadas para a regeneração de outros tecidos, como a pele, “nunca foi utilizado para o miocárdio”, destaca, “foi a primeira vez utilizado para esse fim”. O coração é um músculo em movimento, pelo que os biomateriais devem ter propriedades mecânicas adequadas. Por isso, “estas fibrilas foram adicionadas aos emplastros biopoliméricos de gelatina para reforçar os biomateriais”.
No futuro, espera-se que este tipo de biomateriais “diminua drasticamente a taxa de mortalidade por enfarte do miocárdio, uma das maiores a nível mundial”. Contudo, até se atingir este ponto, ainda existe um longo caminho. O próximo passo, reflete o investigador, é realizar ensaios em animais pequenos e, se tudo correr bem, posteriormente, de porte médio. O objetivo final será finalizar o estudo com ensaios clínicos em humanos, para se avançar com o tratamento.
O aluno de doutoramento e as Prof.as Doutoras Carla Vilela e Carmen Freire, do CICECO-Instituto de Materiais e do Departamento de Química da UA, são os autores deste estudo, que contou com a participação de investigadores da Universidade de Helsínquia e com o financiamento da Fundação para a Ciência e a Tecnologia.