“A palavra-chave é orgulho”: Descoberta prevê eficácia da quimioterapia em doentes com cancro da mama triplo negativo

15/07/22
“A palavra-chave é orgulho”: Descoberta prevê eficácia da quimioterapia em doentes com cancro da mama triplo negativo

Uma equipa de investigadores do Centro Médico Universitário de Utrecht descobriu que a proteína FER, predominante em altos níveis nas doentes com cancro da mama triplo negativo, permite prever a eficácia da quimioterapia. A Dr.ª Sandra Tavares, do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), integrou o grupo e partilha com a News Farma a sua aplicabilidade na prática clínica e o impacto nas doentes. Assista ao vídeo.

“A palavra-chave é orgulho”, define a Dr.ª Sandra Tavares como o sentimento predominante. Afirma que, pela sua experiência de laboratório e de estudos científicos, estas descobertas demoram muito tempo a ser realizadas e a ter um impacto na vida dos doentes, e que para a equipa foi “muito bonito” entender que a descoberta, pela sua simplicidade, poderá ter uma rápida implementação na prática clínica.

A variedade da equipa multidisciplinar e a dificuldade, por vezes, de compreender a linguagem específica das diferentes áreas envolvidas foram os principais desafios partilhados pela especialista. “Foi um processo de muita comunicação, em que nem todos falamos a mesma língua. E quando eu falo da língua, não falo de holandês, inglês ou português. Falo de termos técnicos que cada um de nós usa na sua especialidade”, explica.

A Dr.ª Sandra Tavares desenvolve como foi efetuado o estudo, o conteúdo da descoberta e que caminho abre com a sua utilização, na escolha das opções terapêuticas para o doente. “Estamos a apresentar uma ferramenta aos clínicos, que podem utilizar amostras das biopsias dos doentes, testar e ver os níveis que esta proteína apresenta, e depois decidir, com esta informação, qual a quimioterapia que querem dar aos seus doentes. Isto é basicamente estratégia”, refere a especialista.

Por fim, aponta já qual é a direção no futuro e o próximo passo que gostaria de dar, no capítulo científico. “Como é que vamos fazer no futuro? É esta a grande pergunta para mim e que eu quero responder. Como é que vamos atacar ainda melhor este este problema? Como disse, o próximo passo é compreender qual é a maquinaria que estas células usam, identificar e compreender como é que funcionam, e como promovem a formação das metástases. Porque, se o fizermos de uma forma eficaz, nós ganhamos uma janela de oportunidade para fazer um targeting para tornar esta maquinaria um alvo. O objetivo é que as futuras terapêuticas ataquem apenas estas células malignas e agressivas e deixem as saudáveis completamente incólumes”, conclui.

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