“Fiz sempre o melhor trabalho que sabia e podia em prol do meu doente”

05/07/22
“Fiz sempre o melhor trabalho que sabia e podia em prol do meu doente”

O sorriso espelha o orgulho que as palavras não conseguem expressar por parte da Dr.ª Helena Gervásio. A diretora clínica do Hospital CUF Coimbra e coordenadora de Oncologia do Hospital CUF Coimbra e Hospital CUF Viseu viu o seu percurso ligado à Medicina ser reconhecido, no 24.º Congresso da Ordem dos Médicos, através da atribuição da Medalha de Mérito. Em entrevista, abordou a condecoração e refletiu sobre o estado da Oncologia, em Portugal.

Esta distinção visa dignificar a profissão médica e da Medicina em geral, prestigiando a carreira profissional e o mérito pessoal da Dr.ª Helena Gervásio. Deste modo, é-lhe difícil eleger um momento marcante daquilo que foi toda uma vida, não descurando do principal princípio com que se regeu no início da sua carreira e que ainda hoje tem influência na sua missão: o Juramento de Hipócrates. “Fiz sempre o melhor trabalho que sabia e que podia em prol do meu doente. Defendi sempre a melhor qualidade para prestar cuidados de saúde convenientes, corretos e adequados às situações”.

Do seu currículo consta a participação em projetos de investigação nacionais e internacionais, pretendendo, concretamente, no âmbito das sociedades, que “todas evoluíssem”, procurando “desenvolver a Sociedade Portuguesa de Oncologia”, tendo sido inclusivamente presidente, acompanhando de igual modo os trabalhos concretizados pela Sociedade Portuguesa de Senologia.

Além disso, realça o percurso decorrido na Ordem dos Médicos sob a especialidade de Oncologia Médica, no qual assumiu o cargo de presidente durante dois mandatos, destacando o quão interessante foi, uma vez que, segundo explica, tratou-se de uma fase em que surgiram novos centros de formação destinados a novos especialistas de Oncologia, no qual certifica que “lutou” para que esses centros fossem de qualidade e, assim, prestarem “informação e formação própria para um bom oncologista no futuro”.

Sobre o estado da Oncologia em Portugal, a especialista afirma: “Não podemos dizer que estamos atrás seja de quem for. Temos exatamente os mesmos princípios, ideias e objetivos, e as mesmas possibilidades de desenvolver um trabalho conveniente”. Desse ponto de vista, acrescenta: “Os nossos doentes podem estar perfeitamente tranquilos na medida em que têm em Portugal a mesma qualidade que eventualmente possam vir a ter noutro local”.

Relativamente a eventuais desigualdades nos rastreios e tratamentos entre as diferentes regiões e unidades hospitalares, explana que a zona centro iniciou precocemente o rastreio, essencialmente o do colo do útero e o da mama, significando que “a maioria da população esteja já coberta pelo rastreio da Liga Portuguesa Contra o Cancro”. Nas restantes regiões do país, a médica reconhece que estão a ser desenvolvidos esforços e estratégias para promover a igualdade de acesso aos rastreios, que têm vindo a ocorrer a ritmos distintos do que acontece na zona Centro, nomeadamente, por motivos relacionados com o combate à pandemia de COVID-19.

Apesar de estarem a ser desenvolvidos novos meios de tratamento e de diagnóstico e desses fatores contribuírem para “algum valor no controlo da doença”, afirma que “o diagnóstico precoce é a grande arma da cura para o cancro”.

Questionada sobre que caminho está a ser percorrido na especialidade oncológica em Portugal assegura que “estamos no bom sentido”. A Dr.ª Helena Gervásio destaca a grande evolução que tem ocorrido nos últimos anos ao nível da investigação e aquisição de conhecimentos e, no futuro, o “objetivo máximo seria perceber como é que uma doença oncológica se desenvolve e porquê”, para permitir tratar e curar todos os casos clínicos.

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